A nova tarifa de 50% que os Estados Unidos planejam impor a produtos brasileiros, a partir de 6 de agosto, está gerando grande preocupação no comércio de Mato Grosso. Segundo a Fecomércio-MT, a medida pode atingir a economia do estado de forma dupla, afetando tanto as vendas externas quanto a geração de empregos e renda.

"O comércio será duplamente impactado", afirmou José Wenceslau de Souza Júnior, presidente da Fecomércio-MT. Ele explicou que a redução nas exportações e o consequente enfraquecimento das empresas que dependem desse mercado podem diminuir os postos de trabalho e a renda das famílias mato-grossenses.

A taxação faz parte de uma política protecionista liderada por Donald Trump, que já havia implementado tarifas sobre aço e alumínio em março, e uma taxa de 10% sobre importações de países com déficit comercial com os EUA em abril. Agora, essa taxa será elevada para 50% sobre o Brasil, o que intensifica o problema.

Impacto varia, mas atinge vários municípios

Embora o mercado americano represente uma pequena parcela das exportações totais de Mato Grosso (1,10%), sua importância é grande em setores específicos. O Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MT (IPF-MT) identificou que alguns municípios são especialmente vulneráveis à nova tarifa.

Cidades como Chapada dos Guimarães e Vila Bela da Santíssima Trindade destinaram 100% de suas exportações para os EUA em 2024. Outras, como Juína (71,57%), Acorizal (45,95%) e Peixoto de Azevedo (44,03%), também dependem significativamente desse mercado.

Mesmo com a retirada de alguns produtos da lista de taxação, municípios como Mirassol d’Oeste e Paranatinga ainda estão em risco. Em 2024, eles foram responsáveis por mais de 75% da carne bovina que o estado exportou para os EUA, mostrando que o impacto, mesmo que menor, ainda será sentido.

Ouro e carne bovina no topo das exportações

A análise do IPF-MT mostra que, em 2024, os principais produtos exportados de Mato Grosso para os EUA foram:

- Ouro ($157,73 milhões)

- Carne Bovina ($148,27 milhões)

- Soja ($39,48 milhões)

Em 2025, os ovos de aves também ganharam destaque, impulsionados por uma crise de gripe aviária nos EUA, tornando-se o terceiro item mais exportado.

Diante desse cenário, o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, reforça a necessidade de uma diplomacia econômica mais ativa para mitigar os efeitos das barreiras comerciais.

Ele destaca que, como Mato Grosso é um grande motor de exportação do Brasil, qualquer impacto em sua economia se reflete em todo o país.